Gatos ariscos? Socialização muda comportamento
- Equipe CML
- 21 de jul.
- 3 min de leitura
Paciência e respeito ao tempo do animal são cruciais no acolhimento de felinos com histórico de abandono

A vida da gata Brenda começou a mudar no momento em que ela cruzou o caminho de Jaqueline Rufino. Cientista de dados e experiente tutora de felinos — Brenda é o 15º gato da casa —, Jaqueline buscava uma gata preta e adulta quando se deparou com o perfil de Brenda em uma publicação da ONG Confraria dos Miados e Latidos. A descrição dizia: “tímida e medrosa”. O suficiente para muitos desistirem. Mas, para Jaqueline, foi o começo de uma história de afeto e respeito.
“Se o gato é tímido, ele é tímido e ponto final. A gente não força vínculo”, afirma. Para surpresa da tutora, no dia da adoção, Brenda não se escondeu como esperado: investigou o novo lar, aprendeu a abrir portas e, em poucas horas, já se comportava como se sempre tivesse vivido ali. Mas a socialização emocional — a base para uma convivência tranquila — ainda exigiria tempo e dedicação. “Ela até hoje não gosta de colo e se assusta com movimentos bruscos, mas mia pedindo carinho, brinca com os outros gatos e adora fazer ‘massinha’ nas cobertas. O segredo foi esperar o tempo dela, respeitar os limites e dar petiscos. Muitos petiscos!” , conta Jaqueline, ao portal iG, entre risos.
Brenda não é exceção. Casos como o da gatinha Denise, também acolhida pela ONG, reforçam a importância de uma socialização feita com técnica e empatia. Denise chegou ao abrigo extremamente arisca e com medo até do menor movimento humano. Após meses de acompanhamento com uma veterinária comportamentalista e uma rotina cuidadosa, ela já permite carinhos na cabeça, ainda que com reservas — um avanço valioso que aumenta suas chances de ser adotada por alguém que compreenda sua trajetória.
Socialização vai além do cuidado físico
De acordo com a coordenadora de adoções da ONG, Laís Piccolo, transformar um gato arisco em um companheiro afetuoso é um processo que envolve mais do que oferecer alimento e abrigo.
“Entendemos que um animal saudável é aquele que vive bem no corpo e na mente. E muitos dos nossos gatinhos hoje carinhosos e confiantes já foram, um dia, tímidos e inseguros”, afirma.
A Confraria dos Miados e Latidos, que atua desde 2007 na proteção animal e já facilitou mais de 5 mil adoções responsáveis, integra o cuidado emocional ao processo de acolhimento. Atualmente, mais de 50 gatos sob sua tutela apresentam algum grau de timidez ou traumas comportamentais — características que, sem o devido trabalho, costumam dificultar sua adoção.
A veterinária Débora Paulino, que atua voluntariamente na ONG, explica que o comportamento felino é moldado por fatores genéticos, cognitivos e ambientais. Por isso, cada caso exige uma abordagem personalizada.
“O processo de socialização é estruturado em pilares que respeitam o tempo do animal. Pode durar três meses ou mais, dependendo das experiências anteriores e do ambiente oferecido” , explica.
Como identificar avanços na socialização?
Débora destaca alguns sinais que ajudam a entender o progresso emocional de um gato:
Piscar lentamente: demonstra confiança e tranquilidade;
Postura encolhida com orelhas para trás: indica medo ou tensão;
Lambidas frequentes no focinho: sinal de indecisão ou desconforto;
Rabo esticado com leve tremor na ponta: curiosidade em crescimento;
Fugir ao ouvir passos: medo ainda presente.
Além disso, a especialista afirma que cinco pilares sustentam o processo de socialização:
preparação do ambiente, troca olfativa, brincadeiras com interação visual, contato físico supervisionado e rodízio de espaços.
“A evolução de um pilar para o outro depende de muitos fatores. É preciso que o tutor saiba interpretar a linguagem corporal do gato e ofereça segurança constante.”
Gato confiante, adoção responsável
Gatos resgatados que passam por um processo de socialização bem conduzido não apenas aumentam suas chances de adoção, como também têm mais facilidade de se adaptar ao novo lar.
“A socialização revela o verdadeiro perfil comportamental do animal. Um gato pode voltar a se esconder ou até desenvolver agressividade se for inserido em um ambiente que o deixa inseguro ou o trata com impaciência”, ressalta Débora.
Por isso, ela alerta: o sucesso da adoção não depende só do passado do gato, mas do presente que a família está disposta a oferecer. Um lar de verdade é aquele que acolhe, compreende e respeita os limites do animal.
Mais informações sobre adoções e o trabalho da ONG estão disponíveis no site www.miadoselatidos.org.br e no perfil @cmiadoselatidos no Instagram.
Acesse a matéria completa em: https://canaldopet.ig.com.br/2025-07-18/gatos-ariscos--socializacao-muda-comportamento.html
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